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Mundo Convite

  • Foto do escritor: Alessandra Medeiros
    Alessandra Medeiros
  • 27 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

A chegada de um novo ano é marcada por uma das experiências, individuais e coletivas, mais universais: a possibilidade de recomeço. Seja pautado pela mudança ou pela continuidade, o simbolismo da virada nos oferece um convite para refletir sobre a vida e o que nos move.  


Na psicanálise, aprendemos que a vida é atravessada pelo paradoxo de nossos desejos e limitações. Não há um caminho isento de sofrimento, assim como não existe uma fórmula definitiva para a felicidade. A grande questão, portanto, não é como eliminar os desafios, mas como criar uma relação mais autêntica com eles.  


Isso nos convida a enxergar o tempo como uma oportunidade: o tempo de compreender nossas faltas, acolher nossos sentimentos e encontrar maneiras singulares de existir. Se 2024 foi marcado por desafios, dores ou dúvidas, é importante lembrar que a vida não se resume aos seus momentos de dificuldade.  


É na travessia – esse movimento contínuo entre enfrentar e transformar – que encontramos potência. A travessia não é linear nem previsível. Muitas vezes, ela exige que encaremos nossas fragilidades, repensemos escolhas e acolhamos a incerteza como parte inerente da existência. Contudo, é também nesse movimento que a vida se torna rica e significativa.  

A virada do ano pode ser um respiro, um espaço simbólico para redefinir intenções e sustentar desejos – não para buscar perfeição ou controle, mas para viver de forma mais honesta. O bem-estar não é a ausência de sofrimento, mas a capacidade de conviver com ele.  


Freud nos mostrou que o sofrimento é parte da condição humana e que a felicidade, quando possível, é sempre parcial. Essa perspectiva não é um convite ao conformismo, mas um chamado à liberdade: ao nos desprendermos da ideia de uma vida perfeita, abrimos espaço para a riqueza e a complexidade daquilo que é possível. Ser feliz, nesse contexto, é construir sentido, mesmo em meio às incertezas.  


Ao entrar em 2025, desejo que você desacelere. Que encontre tempo para olhar para si, escutar suas necessidades e se permitir recomeçar, não a partir de um ideal inatingível, mas do que é real e alcançável. Que você possa reconhecer as ferramentas que já possui e se abrir para aquelas que ainda precisa desenvolver.  


Viver exige coragem, mas também oferece beleza. É a oportunidade de aprender com o que nos falta, de transformar nossas dores em saberes e de nos alegrarmos com aquilo que o cotidiano nos oferece. Afinal, como dizia Winnicott, é na brincadeira – na espontaneidade da vida – que encontramos o verdadeiro sentido de existir.  


Que 2025 seja um ano de reconexão com o que importa, de celebração das pequenas conquistas e de abertura para o novo. Porque estar vivo, apesar de tudo, é a mais poderosa expressão de desejo e criatividade.  

 
 
 

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Alessandra Loiza Medeiros

Psicóloga
CRP 02/30444

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