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É caminhador

  • Foto do escritor: Alessandra Medeiros
    Alessandra Medeiros
  • 13 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de nov. de 2024

Como estou em uma nova trajetória, muito tenho pensado sobre caminhos – começos, fins, pontos de partida e de chegada – e sobre a preparação para o caminhar em si.


Esse pensamento, que é vivo e em movimento, não se fixa em momentos específicos nem se torna uma atividade isolada. Não paro no meio do dia, deliberadamente, para pensar sobre a vida. Esse pensar acontece como uma atividade associativa e fluida, que se integra ao meu cotidiano enquanto vivo. Inclusive, perceber que estou viva foi, de longe, a maior revolução que já experimentei, e essa percepção veio através do trabalho na minha análise pessoal.


Na psicologia, existe uma analogia comum que compara a pessoa que busca psicoterapia a um motorista que, além de não saber seu destino, conduz o carro no piloto automático.


Essa imagem tem várias camadas, mas, para esta reflexão, a ideia central é que, embora a psicoterapia possa surgir na vida do sujeito por várias razões – seja porque a viagem já não faz mais sentido ou porque há um grande acúmulo de bagagem e pouco espaço para carregá-la – independentemente do motivo que leva o motorista a se perceber, no momento em que ele para e se desloca para um lugar que exige a compreensão do que sustenta seu movimento, esse condutor se depara com uma importante escolha: como desejo continuar meu caminho?


Há tanto sentimento e emoção envolvidos no momento em que o motorista por sua própria vontade para e decide virar a chave, que a partir dali, não há como negar a existência.


É uma pulsão que vem de dentro, que movimenta e faz viver.


Essa percepção de estar vivo que a psicoterapia pode proporcionar, se apresenta como um caminho promissor para a emancipação do sujeito. Livre, talvez ele escolha viver a vida com suas dores, amores, horrores e alegrias.


Aqui na Casa de Linguagens, a música tem um lugar muito importante e no processo de construção deste texto, lembrei da primeira vez que ouvi Mestre Ramos cantar “é caminhador”; algo em mim sorriu ao captar o jogo sutil de entonação, em que as sílabas brincam com a expressão “é cá minha dor”.


Na brincadeira sonora, há uma gratidão a Deus por ser caminhador, por carregar as dores e aprender com elas. Esse verso simples, repetido com força e leveza, reforça a potência dessas reflexões e o valor de caminhar, transformando-se a cada passo, sem parar e sem pressa.


A vida – como a roda de capoeira – é contínua, em fluxo, e o aprendizado está naquilo que vivenciamos juntos.



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Alessandra Loiza Medeiros

Psicóloga
CRP 02/30444

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